quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Minha maior saudade e melhor lembranças

Então quer dizer que eu não posso lembrar-me dela com
um sorriso no rosto? Simplesmente tenho que mastigar
todo o meu estoque de saudade e engolir com o nariz
tampado para não sentir o gosto do tempo em que ela me
prometeu amor? Do tempo em que ela amava discordar do
que eu falava só pra despertar a minha impaciência? Do
tempo em que era eu, ela e o que chamávamos de
felicidade?
Cale-se consciência, eu posso sim. Afinal eu sinto saudade.
Saudade de todas as promessas que não foram cumpridas.
Das gargalhadas que tiravam lágrimas. Saudade do abraço
fraco. Do cheiro doce. Do sussurro sexy. Saudade dos dias
frios aquecido pelos nossos corpos. Saudade das viagens
decididas em cima da hora. Dos micos. Das
irresponsabilidades. Saudade de correr riscos. Saudade de
sentir ESSA saudade. Mas eu tenho saudade apenas das
coisas boas. Até porque não tenho motivos para lembrar-
me do que foi ruim, como o nosso fim, por exemplo. Não
vale a pena fazer doer de novo. Já passou. E eu só estou
com um pouco de saudade mesmo. E tenho esse direito.
Saudade. Saudade. Saudade. Minha maior saudade.
E não é que eu não esteja satisfeito com o que eu tenho
hoje ou com quem estou hoje. Nada disso. Sentir saudade,
nem sempre é sentir falta. Nem sempre é vontade de viver
de novo. Até porque voltar no tempo nunca foi possível, e
hoje, com certeza aquele lindo sorriso deve estar
conquistando aos poucos outro cara que quando conhecer
o seu abraço irá se perder completamente tanto quanto eu,
ou mais, já que com certeza a sua habilidade de ser
maravilhosa deve ter evoluído com o passar do tempo.
Às vezes as coisas realmente não são para serem. Não são
para serem para sempre. Nós estávamos sendo tão um do
outro que já estava deixando de ser algo saudável. Nós
precisávamos dar continuidade à vida, e para continuar,
nós precisávamos nos libertar da prisão que éramos um
para o outro. E esse, sem dúvidas foi o nosso pior
momento. Idas e vindas fracassadas que acabaram
destruindo tudo o que havíamos construído com zelo. Mas
eu disse que só iria me lembrar das coisas boas, então não
tem por que eu dar espaço a esse tipo de coisa nesse
momento. Lembranças ruins devem ser mantidas intactas,
empoeiradas e ofuscadas pelas boas.
E de todas as minhas boas lembranças amorosas, ela é a
minha preferida. Porque ela foi o meu amor menos
duradouro e o mais inesquecível. O mais louco e o mais
surpreendente. O mais jovem e o mais quente.
E eu nunca vou deixar de ama-la. Não porque eu queira tê-
la novamente. Não, nós dois não fomos feitos para
ficarmos juntos. É que ela é daqueles amores passageiros
que nunca passam. Que nunca morrem. E sempre que eu
puder lembrar-me de lembrar dela, irei fazê-lo com um
imenso sorriso no rosto.

Eu te proponho

Aparentemente eu não sou muito, nem tenho
muito, mas se da sua boca eu ouvir um sim,
talvez eu consiga ser sim, muito. Posso tentar
clarear no escuro, queimar no inverno, passar
sono e fome sorrindo ou nadar contra a
correnteza, tudo em busca de um sorriso tímido
ou exagerado que você possivelmente saberá me
dar como recompensa.
Eu te proponho que me dê a mão. Para que os
nossos dedos se entrelacem e que o nosso toque
possa ser a conexão mais firme que já existira
entre dois corpos. Eu te proponho um ombro
para confortar a tua cabeça nos dias difíceis e
uma mão para acariciar o teu rosto, de forma
que meus dedos ásperos consigam explorar
cada centímetro dessa beleza que compõe essa
tua face que tanto me agrada e me encanta e me
fascina e me faz admirar-te nas tardes em que
passa por mim e deixa pelo caminho esse
aroma insaciável do teu corpo.
Tenho azia de amor. Queima por dentro de
maneira que nenhum medicamento consegue
fazer parar. Mas eu te juro que com um beijo,
eu fico bom rapidinho. Por você eu troco
planos, refaço sonhos, desfaço os nós e até
corro quilômetros. Dou-te meu braço, meu
abraço e te coloco para dormir.
Prometo-te cansaço na madrugada e em seguida
descanso no conforto do meu peito. Voz mansa,
toque leve e sussurros. De alegria. De amor. De
gratidão. Eu te proponho sorriso, apoio,
respeito, perdão, amor e um cafezinho. Todos
eles bem quentinhos.
Eu te proponho paz e tranqüilidade, mas
também te prometo ações, sensações e situações
de gelar a barriga e suar a mão. Eu te proponho
nervosismo com a calmaria do meu apoio,
porque é claro que eu sempre estarei aqui ou aí
ou ali para o que der e vier com você, do seu
lado ou na sua frente para que a sua proteção
seja propriamente mais bem designada.
Eu te proponho tantas coisas boas. Coisas
inimagináveis, ou incalculáveis ou inexplicáveis,
porque te amar é o código mais indecifrável que já
pôde ser criado dentro de mim. Eu te amo sem
receio. Sem medo de danos. Sem medo de pisar
em falso. Porque este querido amor que ousa
pesar no meu peito é tão firme que consegue
manter o equilíbrio por nós dois.
Diz que sim. Vem pra mim. Fica aqui. Eu te
proponho felicidade e um amor bonito para
contar para os nossos futuros netos, quando os
cabelos perderem a cor e a velhice chegar.

Eu queria ter estado errado

Não, não está tudo bem. Ontem, tudo o que eu
queria era que algum efeito especial fosse
ativado sobre mim e, automaticamente eu me
tornasse invisível. Sim, eu queria sumir ou ir
para bem longe. Para algum lugar no qual
ainda não conhecesse, onde eu não tivesse
noção de como seria. Porém hoje, depois que
despertei e analisei o meu rosto inchado,
parecendo como se eu tivesse levado uma surra,
mudei de idéia. É que ontem, enquanto soluçava
desacreditado das coisas boas que a vida
possivelmente teria para mim, eu mal conseguia
respirar de tão ofegante que estava. Mas hoje,
após ter colocado todo esse estoque de decepção
para fora, parece que tudo está mais limpo aqui
por dentro. Tudo está mais calmo. Tudo está
mais disposto a querer sarar.
Eu sabia que não daria certo. Eu tinha certeza
que não daria. Eu sentia. Algo gritava no meu
ouvido todas as noites quando aquele sorriso
começava a se formar antes de eu pegar no
sono. Eu já tinha passado por esse sofrimento
antes, então era fato que eu não deveria
alimentar aquela pequena faísca que me tocou e
incendiou tudo. Ok, tudo bem. Eu tentei me
fazer de forte. Recusei inúmeras vezes. Fui
grosso. Disse que não. Mas a mulher, ela tem o
poder de ser insistente quando quer algo. Ela
não desiste tão facilmente. E é nessa insistência
feminina que mora o perigo.
Diante a tantos olhares. Tantos quase beijos.
Tanto esforço lutando contra o meu próprio
instinto, acabei cedendo. Poxa vida, eu não sou
de ferro. Entreguei-me mesmo. Dando e
recebendo. Sorrindo e causando sorrisos.
Parecia realmente que a felicidade estava ao
meu favor. Que o amor dessa vez tinha ficado
do meu lado. E que, pela primeira vez eu
estaria errado.
Ah, como eu queria ter estado errado…
Não demorou muito tempo para que o lado de
lá começasse a esfriar. E é claro que nesse
pouco tempo, o “super esperto” aqui já estava
mais do que apaixonado. Mais do que
conectado. Mais do que dentro dessa relação
nada promissora. E, quando eu percebi que o
caos estava próximo, tentei de todas as
maneiras não permitir que o mesmo
acontecesse. Fui dez em um. Fiz quase o
impossível. Porque quando a gente ama é assim
mesmo, loucuras e exageros são mais do que
permitidos.
Mas não rolou. Não foi para ser. Quer dizer,
não foi para ser por causa dela, porque por
mim era para ser incrível. Era para ser
energético. Era para ser duradouro. Mas tudo o
que acabou sendo foi um “pouco tempo bom”.
Porque ela é uma dessas pessoas de momentos.
E pessoas de momentos não nasceram para amar.
Num dia, elas te desejam. No outro, elas te
ganham. E logo depois, elas já não possuem
mais tanto interesse simplesmente porque o
sabor já foi provado, o tempero já entrou para
a lista. E é hora de experimentar um gosto
novo.
E foi assim que ela se foi. Quando eu deixei de
causar interesse. Quando eu deixei de ser
novidade. Quando eu deixei ser um desafio. E
eis aí o motivo de eu ser tão neutro. Tão
fechado. Tão mínimo. Já cai tanto na esquina do
amor, que preferi prestar mais atenção onde ando e
não mais me permitir ralar o joelho. Mas sempre
tem alguém que nos tira do eixo, confunde a nossa
cabeça e faz dos nossos sentimentos, passa-tempo.
Então após ter chorado todo o meu estoque de
lágrimas que foram acumuladas de outros
desamores – quebrando esse estereótipo de que
homem não chora -, decidi que eu quero que
dessa vez demore mais para sarar. Quero sentir
mais. Talvez assim, eu aprenda de uma vez por
todas que quando a alma diz que não, o corpo
tem que obedecer. Vou dar tempo ao tempo.
Fazer amizade com a esperança. Reativar a
minha fé. E atualizar a minha coleção de
pensamentos positivos. Uma hora essa tristeza
toda vai passar. Então me deixa quieto no meu
canto, porque tá doendo.

domingo, 9 de junho de 2013

Amor. Calor. E saudade.

As vezes eu tenho vontade de sonhar com você. Porque você sabe, eu pisei na bola mas eu te gostava de verdade. E gostava até quando eu chegava na sua casa todo pronto e você ainda estava enrolada naquela toalha branca que a minha mãe te deu me obrigando a esperar você se arrumar. Eu dizia que era chato, mas na verdade era uma delícia te ver colocar e tirar várias e várias roupas até decidir qual usaria por fim, já que todos os meus palpites eram recusados. 

Como anda essa nuca que eu encaixava a minha mão puxando levemente os teus cabelos quando trocávamos carícias e beijos? E esse pescoço macio? Nossa, que saudade de cheirar ele e deslisar sem pressa os meus lábios te arrancando um vendaval de arrepios. Eu tento te apagar da minha memória, mas é complicado esquecer de uma coisa que eu amo me lembrar. E me lembro diariamente. 

Como já me acostumei com a tua ausência e aprendi a ouvir a tua voz no meu silêncio, já não sofro mais. No máximo alguns flash backs na minha cabeça. Tudo bem, uma lembrança que vem e passa. Ok, uma saudade um pouco dolorida que logo se cura com sorrisos de gratidão pelos momentos engraçados e felizes. 

Tava lembrando-me esses dias de como você adorava interromper aqueles nossos beijos mansos com uma mordida agressiva. Era doloroso. Era gostoso. Era excitante. E quando pedia um 2° Round após estarmos ofegantes e suados? Nossa, como eu ficava feliz e animado. E algumas vezes ainda rolava um quase 3° na hora do banho, você se lembra? Eu só não gostava do efeito das tuas unhas grandes no dia seguinte. Mas eram estas mesmas unhas grandes que me levaram para outra dimensão produzindo na minha cabeça o melhor cafuné que eu já recebi.


Lembro. Relembro. Lembro de novo. Sorrio. Lembro mais um pouco. E fico numa vontade louca de provar tudo isso outra vez. Mas quem mandou eu ir querer experimentar os ingredientes de outra para querer comparar com os teus? Acabei sem as duas e a sobremesa foi o teu desprezo. Tudo bem que você já me perdoou, e hoje somos "amigos". Mas bem que você podia sentir os mesmos desejos, saudades e 

Correndo atrás do prejuízo


Ei pequena, gostaria que soubesse que está bastante complicado olhar para o lado e não te ver mais viu? Na verdade, o que está sendo mais difícil é conviver com a vontade insaciável de querer saber como foi o seu dia, o que fez em casa ou se ainda anda tendo problemas com o professor de quarenta e poucos anos da sua faculdade que pega no seu pé. 

No dia do fim eu falei coisas que não são da minha natureza e não fazem parte da minha educação. Mas você também rebateu, e posso te confessar? Doeu. As palavras ditas em momentos de perturbação são tão amoladas quanto uma faca. Mas a dor foi porque as palavras não vieram vazias, pelo o contrário, elas estavam cheias de verdades. Eu dizia “A” para não ficar por baixo e você recitava o alfabeto inteiro apontando os meus pecados, meus erros e meus passos em falso.

Quando estamos errados, temos a sensação de que admitir nossas falhas é como dar um tiro no próprio pé. E por isso, não aceitamos que ninguém aponte o dedo em nosso rosto, ainda que esta pessoa esteja bem intencionada. Nessas horas a imaturidade assopra argumentos sem fundamentos em nossos ouvidos e acabamos fazendo meninice.

Mas minha querida o amor é como um nó no cadarço de um sapato, quando começa a ficar frouxo, é só puxar um de cada lado e reforçar a união dos fios. Então segura a sua pontinha que eu já estou com a minha na mão, vamos puxar juntos e fortalecer o nó do nosso amor, vamos? Por favor, querida, se está difícil pra você, saiba está três vezes mais para mim.

O meu peito está machucado e precisa dos teus primeiros socorros. Necessito sentir o teu perfume invadindo as minhas narinas e a maciez dessa tua pele de veludo. Então vem pequena, mas vem correndo. Chega com a respiração ofegante e com a saudade brilhando no olhar. Só não repara se cair alguma lágrima silenciosa no teu ombro. É que já tem um tempo que o meu lado machista se foi com o vento.

Vem logo caramba, dobra esse teu orgulho e coloca no fundo daquela gaveta que só acumula poeira. Ei lábios macios, vem ser minha mulher de novo. Mas corre, porque o teu homem deixou até a barba por fazer só para que você diga que está charmoso. Estou te esperando.

Chegou a hora de esvaziar o armário


Ontem eu fui dormir pensando em nós dois. Fiz o mesmo antes de ontem e tenho repetido este ato já há algumas semanas. Cheguei à conclusão de que não somos mais os mesmos. O tempo passou. E a nossa relação se desgastou.

O nosso beijo não tem mais o mesmo sabor. Desejar um bom dia tornou-se obrigação. E eu nem me lembro mais quando foi a última vez em que compartilhamos um com o outro as dificuldades, estresses e conquistas do dia-a-dia. E quer saber de uma coisa? Isso me faz falta.

Eu gostava de te acordar com beijos no pescoço só para ter o prazer de te ver arrepiada dos pés a cabeça. Você também gostava. Mas lembro-me de ter sido retribuído com a maior de todas as grosserias vindas da sua parte na última vez em que fiz e desde então, renunciei esse carinho matutino da nossa relação.

Às vezes me pergunto se eu fiz demais ou se você queria menos. Afinal, dizem por aí que menos é sempre mais. Mas é que quando eu gosto, não é pouco. E quando eu amo, é pra valer. E é justamente por esse motivo que chegou a hora de esvaziar o armário. Chegou a hora de partir.

Amor, a minha coluna grita de dor pelo fardo que carrego por nós dois. Já tentei inúmeras vezes recuperar o que perdemos. Mas você se fecha; não me dá abertura. E quando o querer pesa somente de um lado, é impossível alcançar o equilíbrio da reciprocidade.

Eu quis. Fiz. Tentei. Esperei. Tentei de novo. E de novo. Mas não deu. Estamos correndo em areia molhada. Então para quê continuar insistindo em andar num carro que está com os pneus furados? Para quê atrasar a nossa vida com alguém que não está nos fazendo bem?  Minha pequena, o nó ficou frouxo e o laço do nosso amor se desfez. Então por favor, não me peça para ficar. Não me peça para investir mais uma vez em uma empresa que não gera lucros. Eu estou exausto.

Vou sentir falta do cheiro do seu cabelo antes de dormir. E principalmente de ver a sua perna apoiada na cama enquanto passa o hidratante corporal. Eram esses e outros pequenos detalhes que ainda me faziam refém do nosso relacionamento. Eles me faziam recordar o motivo de um dia eu ter me apaixonado por você. Mas agora vejo que o melhor a ser feito é me desconectar de você e caminhar por uma estrada que não tenha a marca dos teus passos.

Outro dia eu passo para te devolver a cópia da chave e pegar o restante das minhas roupas que não couberam nas malas. E lembre-se: Eu estou fazendo isso não só por mim. É por nós dois. Estávamos sufocados um com o outro. E agora estamos livres. Reorganiza a sua vida e vai ser feliz. Eu farei o mesmo. E antes de qualquer coisa, obrigado por tudo. 

Não seja o cara errado que um dia eu fui

Ontem enquanto voltava da lanchonete do seu Valdecir, encontrei um amigo que não via desde que parei de ir às partidas de futebol nas sextas à noite.  Perguntei a ele como estava a rapaziada e em seguida o questionei se estava bem. Ele então perguntou se eu estava com o tempo livre, queria desabafar. Como eu não tinha nenhum plano para o resto do dia, sentamos em um banco de madeira que fica na esquina da rua da minha casa. Foi então quando ele resolveu falar do relacionamento com a namorada.

“Sabe cara, faz tempo que não conversamos. Você sempre foi o meu parceiro, sempre me deu os melhores conselhos e em todos os casos você sempre tinha razão. Senti a sua falta nos últimos meses, mas preferi não te procurar, afinal eu já estou com problemas suficientes para ocupar a minha cabeça. Sabe a Mariana? Não sei mais o que faço para vivermos em paz. Ela me cobra muito. Reclama que eu não a elogio mais. Fala que eu não tenho mais tempo para ir ao cinema. E que não sou romântico. Mas eu nunca fui romântico. Por que essa cobrança agora? Vive implicando por eu tirar um dia na semana para virar a noite com os amigos. E até o meu celular, quer controlar. Você está ligado que se ela pegar, eu estou ferrado né? Estamos trocando insultos quase todos os dias - até mesmo por eu não reparar na unha que ela acabara de fazer -, você tem noção? Como uma pessoa pode ser assim? Minha mãe a adora. Deixo-a sair com as amigas sem bater o pé com a hora, local ou roupa que está saindo. Não peço as mesmas satisfações que ela me pede. E a deixo fazer o que quer. Dou tudo o que ela precisa. E é esse o pagamento que recebo? O que mais ela quer? Sinceramente, estou para chutar o pau da barraca, jogar os tênis no fio elétrico e sair desse relacionamento. Quando eu era solteiro tudo era bem mais tranquilo e sem complicações. Agora vivo cercado de cobranças. Mas o problema é que apesar de tudo, eu gosto dela.”

Analisei calmamente tudo e respondi:

“Enquanto você falava, pude enxergar nas tuas palavras o cara que eu fui há algum tempo atrás. A diferença é que eu fui pior. Eu achava que estar presente nas noites de prazer, andar com os dedos entrelaçados na rua e mandar umas mensagens com “Bom dia” e “Boa Noite” era o suficiente para manter o nosso relacionamento firme. Eu fui tudo o que ela não queria que eu fosse. Menti. Não tive paciência. Trai. Segui as ideias erradas dos meus amigos-entre-aspas e no final de tudo, acabei com o banco carona do meu carro vazio. Sabe amigo, eu queria ter a oportunidade de voltar no tempo. Ser cobrado. Poder ser o romântico que ela desejava. Deixar as minhas noitadas para dividir o edredom ao seu lado e não ter medo algum de deixa-la ver o meu celular. Saudade de ouvi-la dizer que ia à manicure. Queria poder ver como ficou o resultado e ter o prazer de elogia-la pelo bom gosto. Queria ter tido a chance de apresenta-la à minha família. Tenho certeza de que minha mãe iria adorar aquele jeito tímido que ela tinha. Mas eu fiz questão de fazer tudo errado. Eu fui o que você está se tornandoEu fiz ela sujar o rosto de preto quando tudo o que ela queria era que eu a fizesse sorrir. Eu gritei. E como recompensa, eu a perdi. Ela se foi, e eu dou toda a razão. Ela não merecia aquilo. Quer dizer, eu não merecia ela. Hoje, o cara que vivia cheio de amigos chega do trabalho e fica sozinho em casa. Assiste o jornal local para acompanhar as mesmas tragédias de sempre e vai dormir. Deixei de ir às peladas porque não tenho mais ânimo. E eu só ainda saio de casa para vir à lanchonete do seu Valdecir, porque vínhamos aqui todas as noites comer hambúrgueres no início do nosso namoro. E cara, só de sentir o cheiro de bacon eu consigo fechar os olhos e vê-la dizendo que amava aquilo. Essas coisas ainda me fazem sorrir